ROBERT MCKEE: 5 DICAS DE COMO ESCREVER PERSONAGENS

Robert McKee é um conhecido e admirado professor de escrita criativa. Seu livro histórico, “Story”, é estudado por roteiristas e escritores, amadores e profissionais, pois ensina os fundamentos de uma boa história. Fizemos um resumo do que McKee escreveu sobre personagem no capítulo cinco de “Story” e você pode conferir a seguir.

PERSONAGEM X CARACTERIZAÇÃO

Caracterização é o conjunto de aspectos e atributos de uma pessoa como, por exemplo, idade, bens materiais, personalidade, inteligência, educação, profissão, entre outros. Mas todas essas informações, esmiuçadas em fichinhas por escritores e roteiristas, não são o personagem. McKee nos explica que o verdadeiro personagem é revelado pelas escolhas que faz, principalmente sob pressão. Quanto maior a pressão, maior é a revelação e mais verdadeira é a escolha, de acordo com a natureza essencial do personagem. A pressão é fundamental para revelar sua verdadeira natureza, pois ele não têm escolha senão agir através do próprio instinto. O que a audiência espera de uma sua história é ver o personagem enfrentando situações difíceis e grandes dilemas. E é através das escolhas que vai realizar que ele vai se revelar. Domine essa passagem de marcha, também chamada de “peripécia” por Aristóteles em “Poética”, que são as mudanças de estado do personagem durante a história.

REVELAÇÃO DE PERSONAGEM

E por falar em dilema, a verdadeira revelação do personagem é essencial para uma boa história. Quando o personagem é o mesmo do início ao fim, não há revelação. E o público fica desapontado. Quando a caracterização e o personagem são iguais e não mudam, as ações ficam previsíveis e repetitivas, o que resulta em um personagem superficial, plano e muito chato para audiência. Crie complexidade dentro do seu personagem, permitindo que ele viva além de sua caracterização.

ARCO DE PERSONAGEM

Robert McKee, no livro “Story”, fala que uma ótima escrita não apenas revela o verdadeiro o personagem, mas cria um arco de mudança interna para melhor ou para pior ao longo de toda a história. É através dos obstáculos externos que o personagem enfrenta seus conflitos internos e evolui.

ESTRUTURA DE HISTÓRIA E PERSONAGEM

Robert McKee nos explica que a função da estrutura de uma história é criar pressões progressivas no personagem, para forçá-lo a enfrentar dilemas cada vez mais difíceis. Ao fazer escolhas de risco, ele vai revelando sua própria natureza. E, assim, vai encontrando seu inconsciente. A função do personagem é trazer qualidade e caracterizações necessárias e do tamanho certo para tornar a história verossímil. Como McKee diz, o personagem deve ser crível. Ele precisa ser fraco ou forte o suficiente, novo ou velho o bastante, generoso ou egoísta na medida certa. A combinação dessas qualidades permite que o público acredite que o personagem possa viver aquela história e agir daquela forma. A estrutura está ali para pressionar o personagem, no momento certo e na medida certa, para que ele se revele e a história tenha verossimilhança. E cada estrutura serve para um único personagem. Se você muda a estrutura da sua história, as escolhas criativas e as pressões que aquele personagem vai sofrer vão ser diferentes. Mudou a estrutura, mudou o personagem. Mudou o personagem, mudou a estrutura. Os dois estão intimamente ligados. Além disso, o gênero literário ou cinematográfico da sua história também influenciará na estrutura e nos personagens. Filmes de ação e terror muitas vezes demandam personagens mais simples. Já dramas, por exemplo, querem personagens mais complexos.

CLÍMAX E PERSONAGEM

A parte mais importante de uma história é, sim, o seu final. É essencial deixar o melhor, o maior confronto, para o final da sua história. É o grande fechamento. O filme ou o livro inteiro depende e converge para isso. Pois o personagem, mudado e fortalecido pelo seu arco durante a história, tem o empoderamento necessário para o confronto final com a força antagonista. O clímax, portanto, deve ser coerente com toda a história, sua estrutura, seus personagens e suas escolhas.

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Eu sou Claudio Formiga!

Nascido no Rio de Janeiro, me graduei em Comunicação pela UFRJ. Comecei minha carreira de roteirista ainda na primeira geração na internet, escrevendo em sites de humor e televisão.

Eu sou Claudio Formiga!

Nascido no Rio de Janeiro, me graduei em Comunicação pela UFRJ. Comecei minha carreira de roteirista ainda na primeira geração na internet, escrevendo em sites de humor e televisão.