COMO MELHORAR UMA HISTÓRIA RUIM

Sabe aqueles filmes tão chatos, tão chatos, que de repente a Netflix pula na sua tela e pergunta “ei, você ainda está assistindo isso?”. Ou aquele livro chato, chato, chato, que as páginas chegam a ficar grudadas de tanta baba que você deixou escapar enquanto dormia com a cara enfiada nele? Você não quer que isso aconteça com a sua história, certo? Então, preste atenção nas dicas que vamos te dar neste artigo.

HAJA OLHO FALANTE

Pare de fazer seus personagens reagindo só com os olhos. Virou até clichê, de tanto personagem por aí que só tem reação emocional pelo olhar. Você já deve ter se deparado com vários: “então, eu olhei para ela e ela me olhou de volta” ou “o chefe a fuzilou com olhos furiosos”. Que tara é essa que os escritores têm pelos olhos dos personagens? Tem livro e roteiro por aí que os olhos agem até mais do que os próprios personagens.


Você lembra qual é a cor dos olhos do seu porteiro, que vê todos os dias? Provavelmente não. É que as pessoas não olham tanto nos olhos das outras. E, mesmo que olhem, vamos combinar que o olhar não é a única reação que existe. Perceba, não estamos dizendo para você abandonar totalmente esse tipo de reação. Só para prestar mais atenção. Será que é preciso usar isso toda hora? Roteiristas precisam ficar atentos porque podem estar entrando no trabalho de diretores e atores. Escritores também devem redobrar a atenção, principalmente com os personagens de ponto de vista, que o leitor está seguindo. Afinal, se estamos dentro da mente de um personagem, como ele pode saber como seus próprios olhos estão reagindo a algum tipo de situação? Abra os olhos para não cometer esse erro.

QUE RAIO DE HISTÓRIA É ESSA?

Você até está acompanhando a história, mas não sabe o que o personagem quer, o que está se colocando entre ele e esse objetivo, e o que está em risco se o personagem conquistar ou não o que você nem sabe que ele quer. Você fica se perguntando o tempo todo o que está acontecendo. Fique alerta! Antes do primeiro ato acabar, o público quer saber quem é o personagem que está seguindo, o que esse personagem quer e o que acontece se ele não conseguir. Pare de enrolar sua audiência e coloque sua história para andar.

TÔ NEM AÍ

Às vezes, a gente sabe quem é o personagem que a gente está seguindo, sabe o que ele quer e o que está em risco, mas não estamos nem aí se ele vai conseguir ou não. A gente não consegue se conectar com aquela história e com aquele personagem. Isso pode estar acontecendo por algumas razões. A primeira é que provavelmente seu personagem principal não é carismático ou empático. Também pode ser porque a ambientação da sua história não é verossímil. Ou porque os riscos que seu personagem corre, caso não consiga cumprir seu objetivo, não são riscos muito grandes e o público fica se perguntando “por que raios ele está fazendo isso, se podia fazer de tal jeito?”. E pode até ser que você tenha acertado nesses três pontos, mas os diálogos estão muito artificiais, o que faz a audiência pensar “ah, ninguém fala desse jeito” ou “nossa, que conversa mais robótica”. E aí as pessoas se desconectam, saem totalmente da história. Se você está sentindo que a sua história não está se conectando com o público, observe com muito carinho esses quatro pontos.

CALDEIRADA DE PERSONAGENS

Sua história tem tanta, mas tanta gente, que parece boca livre. Sabe aquele churrascão 0800? Tudo na faixa, Heneiken gelada, e aí começa a chegar um monte de gente na mesma hora: aquele seu primo de segundo grau que você não via há anos, seu ex-crush da época do colégio com a esposa e os dois filhos, e até o Ronaldinho Gaúcho falando “opa, boca livre, tô dentro”. Para que tanto personagem? Pior, personagens com direito a nome e background. A audiência acaba se perdendo, sem saber quem é quem, quem tem que seguir, o que aqueles personagens que estão aparecendo têm a ver com a trama, e por aí vai. Uma confusão danada. Não transforme sua história em programa furado. Corte os excessos de personagens, assim como cortamos aquela gordurinha sobrando da carne do churrasco. Dê nome e background para os personagens que realmente importam. Se você notou que está com muitos personagens, avalie se não dá para jogar alguns fora ou até mesmo transformar dois personagens em apenas um.

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Eu sou Claudio Formiga!

Nascido no Rio de Janeiro, me graduei em Comunicação pela UFRJ. Comecei minha carreira de roteirista ainda na primeira geração na internet, escrevendo em sites de humor e televisão.

Eu sou Claudio Formiga!

Nascido no Rio de Janeiro, me graduei em Comunicação pela UFRJ. Comecei minha carreira de roteirista ainda na primeira geração na internet, escrevendo em sites de humor e televisão.