Colocar no papel a primeira versão da história é o desafio de todo o escritor. Mas é essencial para escrever melhor. Portanto, tenha isso como meta. Em um primeiro momento, não foque na melhor versão da sua história, e sim na primeira versão. Entenda que editar é coisa para depois. Separamos três dicas que vão te ajudar muito a escrever de forma rápida e objetiva a história que vem martelando a sua cabeça e está louca para sair. E, você pode até achar maluquice, mas a terceira dica vai servir como um game changer na sua escrita. Curisoso? Vamos a elas!
PLANEJE SUAS HISTÓRIAS
Muita gente pula essa parte, acha que é perda de tempo, que isso até atrapalha o processo criativo, mas para nós, o planejamento é a parte mais importante da escrita. Pensa bem: quando vamos ao supermercado sem uma lista de compras, demoramos muito mais do que quando levamos uma. A lista nos diz aonde ir, o que comprar e nos direciona exatamente para o que temos que fazer. Isso também funciona quando você está escrevendo uma história. Se você sabe para onde ir, com certeza vai caminhar e chegar ao final dela com mais destreza e bem mais rápido.
Planejar as histórias antes de propriamente escrevê-las é essencial para não se perder. É importante que você consiga incorporar o planejamento no seu processo criativo. Alguns roteiristas fazem uma lista de todas as cenas e de tudo que vai acontecer em cada cena antes de escreverem a história. É o que chamamos de escaleta. Tudo bem se você não quiser planejar tudo nos mínimos detalhes. Mas vale pelo menos fazer uma lista dos pontos mais importantes da sua história. Assim, quando você se sentar para escrevê-la, já vai saber o caminho, e o processo criativo vai fluir com mais facilidade.
ESCREVA SEM PARAR
Escreva sem parar e não olhe para trás. Mova sua história para frente. Parece simples, né? O problema é que a gente tem mania de consertar. A mão coça quando notamos um erro de português, por exemplo. Mas precisamos entender que a edição é para um segundo momento. Não importa se a frase que você escreveu ficou meio esquisita. O que importa é o que vai vir depois. Não pare para tentar criar a frase perfeita, o diálogo perfeito ou a piada perfeita. Se a ideia não fluir na hora, apenas escreva “fulano responde com uma frase sarcástica” e bola para frente.
Entenda que, no momento em que você está escrevendo a primeira versão da sua história, há muita coisa na sua cabeça: a própria história, a ansiedade, os medos e as incertezas. E você ainda quer usar uma parte da energia do seu cérebro para criar a frase perfeita? É claro que ele não vai funcionar muito bem. É como seu computador, cheio de programas ligados e abas abertas. Não tem jeito, ele vai perdendo a velocidade. Mas depois que você já escreveu a primeira versão da sua história, seu computador, ou melhor, seu cérebro já matou essa tarefa, que era jogar a história para fora. O medo, a ansiedade e as incertezas já diminuíram. Aí sim, você vai ter mais energia e capacidade de processamento no seu cérebro para criar a frase perfeita para aquela cena.
Pense que, finda sua primeira versão, você pode voltar quantas vezes quiser para consertar os erros de português, reescrever aquela frase que ficou mal construída e até inserir a piada perfeita que na hora não quis sair. Tudo para deixar sua história melhor. O importante é colocar a primeira versão no papel. E, veja, não estamos dizendo que essa versão vai ser excelente. Ela só vai te ajudar a deixar a sua história, essa sim, excelente no final.
CRIE SEU ‘EU ESCRITOR’ (A MALUQUICE)
Toda vez que você for se sentar para escrever, deixe seu ‘eu ordinário’ de lado. Aquele seu ‘eu’ do dia-a-dia, que tem ansiedade, medos, problemas e boletos para pagar. Esqueça ele. Você vai virar o ‘eu escritor’, o escritor confiante, que sabe que está fazendo o certo e o melhor, e que está ali para contar aquela história espetacular. Desassociando-se do seu ‘eu’ do dia-a-dia, você se liberta de todos os fantasmas que te travam na hora de escrever. Dos fantasmas do perfeccionismo, da procrastinação e do medo do que os outros vão pensar. Esses fantasmas acompanham seu ‘eu ordinário’, não seu ‘eu escritor’.
Quando criamos esse ‘eu escritor’, deixamos de ter toda aquela glamourização e ritualismo de quando vamos escrever. Porque o ‘eu escritor’ não tem isso. Ele senta na cadeira e escreve. Ele é um profissional. Inclusive, todas as vezes que seu ‘eu ordinário’ tentar boicotar seu ‘eu escritor’, dizendo que aquilo não vai dar certo ou que você devia parar para ver um pouquinho de tevê, seu ‘eu escritor’, que é mais forte e mais compromissado com a escrita, vai dizer: “meu amigo, gosto muito de você, mas agora estou trabalhando e outra hora a gente conversa, ok?”. Simples assim.
Sabemos que isso soa a maluquice e muita gente vai ter dificuldade para criar e incorporar seu ‘eu escritor’. Mas se você começar a tentar abandonar seu ‘eu ordinário’ toda vez que for escrever, e assumir a personalidade do seu ‘eu escritor’, isso vai te ajudar muito. Sua história vai fluir melhor porque esse personagem que você criou e incorporou é super confiante, dá o melhor de si e, de quebra, escreve bem à beça.